Bebês que acordam chorando, crianças que falam coisas sem sentido, se desesperam ou até levantam da cama sem reconhecer seu entorno: todas essas situações se enquadram dentro de uma condição conhecida como terror noturno.
Terror noturno é uma parassonia (distúrbio do sono) que, assim como o sonambulismo, é mais comum em crianças mas pode acometer adultos. Durante os episódios de terror noturno, que normalmente duram de alguns segundos até poucos minutos, a criança pode sentar na cama, gritar, abrir os olhos, correr pela casa, chorar inconsolavelmente etc. e não acordar, não se lembrando do acontecido no outro dia. Adultos com terror noturno têm mais tendência a serem agressivos durante os episódios do problema do que as crianças e, ao contrário delas, podem se lembrar de pequenas partes do que aconteceu durante esses períodos. Todos esses sintomas acontecem nas primeiras horas do sono.
Em bebês o quadro se manifesta através de choro repentino durante à noite, já em crianças - especialmente entre 2 a 6/7 anos de idade - pode ocorrer emissão de sons, gritos sem nexo e muitas vezes movimentações anormais, como sentar na cama e encarar algo sem ter consciência.
Embora seja motivo de preocupação para muitos pais, o terror noturno é uma manifestação que não representa riscos à saúde ou desenvolvimento da criança. O estado de transe pode durar até 15 minutos e depois a criança volta ao sono normal.
O terror noturno é diferente do pesadelo, uma vez que o pesadelo acontece nas últimas horas do sono, faz com que a criança acorde e normalmente lembre sobre o que estava sonhando. O terror noturno costuma apavorar mais os pais do que a própria criança, uma vez que ela não se lembra de nada do que aconteceu nesse período.
O que causa?
Não existe um consenso sobre o que causa o terror noturno, mas a tese mais aceita é que a manifestação está associada ao desenvolvimento do sistema nervoso central. Nesse estágio da vida é como se o cérebro ainda estivesse aprendendo a transição entre o sono e o despertar, deixando a criança em “stand by” entre os dois estados. Pode ocorrer também em crianças com Transtornos do Neurodesenvolvimento, como é o caso de autismo e déficit de atenção e hiperatividade, por exemplo.
Os seguintes fatores também podem estar relacionados ao problema:
- Privação de sono
- Extremo cansaço
- Estresse
- Febre (em crianças)
- Dormir em lugares que não são familiares
- Presença de luzes ou barulhos
- Histórico familiar de terror noturno ou sonambulismo
- Distúrbios respiratórios do sono, como a apneia obstrutiva do sono
- Síndrome das pernas inquietas
- Enxaqueca
- Traumas na cabeça
- Uso de certos medicamentos.
Como reagir?
Muitos pais têm um ímpeto intuitivo de acordar a criança quando ela está nesse estágio de “meio dormindo”. A orientação, no entanto, diz o contrário. O ideal é não intervir e deixar que o momento de transe passe sozinho e o pequeno volte a dormir. Interrupções só vão contribuir para que os eventos ocorram com mais frequência e maior duração. Obstruir passagens e retirar obstáculos é recomendado para pais de crianças que costumam andar nessas circunstâncias.
Como tratar?
Não existe um tratamento para o terror noturno, mas os episódios tendem a parar de acontecer quando a criança atinge a adolescência. Pode acontecer dos eventos pararem bem antes também. No caso de crianças, uma forma de tentar prevenir que o quadro ocorra é manter uma rotina de sono regrada e evitar que elas sejam expostas à situações de muita agitação pouco antes de dormir. Mas. se você pai ou mãe achar que o terror noturno tem causado problemas no seu filho (como sudorese [suor], enurese [xixi na cama], encoprese [fezes nas roupas] e demais situações que podem levar a outros sintomas emocionais e patológicos) procure um profissional de saúde mental (psicologia, psicanálise, psiquiatria, psicopedagogia) para orientá-lo, pois o terror noturno pode estar ligado à outros problemas, tais como, ansiedade, fobia, dificuldades escolares entre outros.
Publicado originalmente em 20/06/2019.