O IBGE, historicamente, é um instituto com credibilidade. No entanto, é preciso esclarecer que seus dados com relação ao Censo, incluindo o último Censo 2022, são
parciais, ou seja, é uma amostragem estatística. Não é uma pesquisa e posteriormente uma publicação com dados exatos. Fato é, que não são todos os domicílios brasileiros que recebem um recenseador (entrevistador).
Pelo IBGE, temos 14,4 milhões de pessoas com deficiência e 2,4 milhões de pessoas com autismo. Será?!
Entendam que obviamente esta estatística não é fidedigna. O governo brasileiro estava sendo cobrado, por números oficiais sobre o autismo, pois apenas com esses números é possível elaborar e executar políticas públicas para a população com autismo. No entanto, estimava-se que o Brasil tivesse mais de 5 milhões de autistas, baseado nos países de referência, como os Estados Unidos (1 em cada 31 crianças é autista, na faixa etária de 4 a 8 anos), por exemplo.
Apenas um único item no questionário censitário, no qual a pessoa declarava se algum morador do domicílio já tinha sido diagnosticado com autismo por algum profissional de saúde, foi uma iniciativa importante, mas não atende a realidade brasileira atualmente, uma vez que os dados recém publicados estão desconexos com outras publicações, como por exemplo o Censo Escolar. Outro fator, é a enorme quantidade de pessoas autistas que não estão inseridas nos sistemas de ensino, assistência social e saúde.
Outro fator importante para a atualidade é que o Censo de 2022, foi realizado no finalzinho da pandemia e a grande quantidade de informações sobre diagnósticos aconteceu depois. Imagine quantas pessoas estão na fila de espera do SUS para diagnósticos desde 2022?! São milhares. E nos próximos 10 anos o governo trabalhará com a hipótese desta estatística. Lembrando que o Censo acontece apenas a cada 10 anos e os dados levam pelo menos 2/3 anos para serem publicados.
Como sempre digo, os municípios brasileiros precisam ter seu próprio Censo voltado às pessoas com deficiência, apenas desta forma teremos números oficiais para políticas públicas e empenho orçamentário direcionados às verdadeiras necessidades desta população.
É a primeira vez que dados sobre autismo são publicados no país. Mas é urgente que tenhamos números reais. Cabe saber a quem interessa camuflar dados. Na verdade a gente já sabe, mas não custa colocar como reflexão.