Presidente da Coreia do Sul é preso na manhã desta quarta 15/01. Entenda os eventos que o levaram à prisão.

Presidente da Coreia do Sul é preso na manhã desta quarta 15/01. Entenda os eventos que o levaram à prisão.

Entenda os eventos que levaram à prisão do presidente afastado da Coreia do Sul

3 de dezembro: pouco antes das 22h30, horário local, Yoon declara na televisão nacional que está impondo lei marcial para erradicar “forças antiestatais” e superar o impasse político. Uma hora depois, militares emitem um decreto proibindo atividades de partidos políticos e parlamentares. Tropas e policiais descem sobre o Parlamento controlado pela oposição. Funcionários usam barricadas e extintores de incêndio para afastar soldados de operações especiais que chegam de helicóptero, quebrando janelas ao entrarem no local.

4 de dezembro: desafiando a ordem militar, 190 parlamentares votam unanimemente para rejeitar a declaração de Yoon, nas primeiras horas do dia, e as tropas começam a sair. Cerca de três horas e meia depois, Yoon faz outro discurso televisionado, anunciando que está suspendendo a lei marcial. O decreto ficou em vigor por cerca de seis horas. Partidos de oposição enviam moção para impeachment do presidente. O vice-secretário de Estado dos EUA, Kurt Campbell, declara que houve um “mau julgamento” na decisão de declarar lei marcial, o que foi “profundamente problemático” e “ilegítimo”.

5 de dezembro: o Partido do Poder Popular, de Yoon, embora dividido, decide se opor ao impeachment. O líder aceita a renúncia do Ministro da Defesa, Kim Yong-hyun. A polícia investiga o presidente, Kim e o ministro do Interior por acusações de traição e crimes relacionados à declaração da lei marcial após partidos de oposição e ativistas terem apresentado queixas.

6 de dezembro: o líder do PPP, Han Dong-hoon, afirma que Yoon deve ser removido do poder pela tentativa de imposição da lei. Alguns membros do partido pedem que ele renuncie.

7 de dezembro: Yoon fala à nação para se desculpar, dizendo que colocará seu destino nas mãos do PPP, mas não afirma que renunciará. Uma votação para impeachment falha enquanto seu partido boicota, privando o parlamento de um quórum.

8 de dezembro: promotores nomeiam o presidente como sujeito de uma investigação criminal sobre a tentativa de lei marcial. O ex-ministro da Defesa Kim é preso.

9 de dezembro: Ministério da Justiça impede Yoon de deixar a Coreia do Sul.

10 de dezembro: Kwak Jong-geun, líder do Comando de Guerra Especial do Exército, relata a um comitê parlamentar que o presidente deu uma ordem para “arrastar” os legisladores do Parlamento após declarar lei marcial. O gabinete de Yoon afirma que não tem “nenhuma posição oficial” sobre quem está governando o país em meio a perguntas sobre as discussões do PPP para um governo interino. O ex-ministro da Defesa Kim tenta suicídio.

11 de dezembro: A polícia tenta revistar o gabinete presidencial, mas é impedida de entrar no prédio.

12 de dezembro: o chefe de Estado diz em outro discurso televisionado que “lutará até o fim”, alegando que a Coreia do Norte havia hackeado a comissão eleitoral da Coreia do Sul e expressando dúvidas sobre a derrota eleitoral esmagadora de seu partido em abril. A Comissão Eleitoral Nacional nega a alegação. Sete membros do PPP declaram a intenção de apoiar o impeachment, um a menos do número necessário para a moção ser aprovada.

14 de dezembro: o Parlamento aprova a abertura do processo de impeachment de Yoon com o apoio de 204 dos 300 legisladores no parlamento unicameral. Pelo menos 12 membros do partido do presidente votam pelo impeachment. Os poderes presidenciais de Yoon são suspensos, e o primeiro-ministro Han Duck-soo se torna presidente interino. O Tribunal Constitucional recebe a declaração de impeachment do parlamento. Ele terá seis meses para decidir se o remove ou o reintegra.

16 de dezembro: o Tribunal Constitucional começa a analisar o caso de impeachment.

27 de dezembro: Parlamento suspende o presidente interino Han, menos de duas semanas após suspender o presidente. O Ministro das Finanças, Choi Sang-mok, assume o cargo interino. O tribunal realiza a primeira audiência pública no caso de impeachment de Yoon.

31 de dezembro: o Tribunal Distrital Ocidental de Seul, capital do país, aprova um mandado de prisão solicitado pelo Escritório de Investigação de Corrupção para Oficiais de Alto Grau (CIO) depois que Yoon não compareceu para interrogatório sobre alegações de insurreição. Os advogados do presidente afastado alegam que o mandado de prisão é ilegal e inválido porque o CIO não tem a autoridade adequada.

3 de janeiro: guardas presidenciais e tropas militares impedem autoridades de prender Yoon em um tenso impasse de seis horas dentro de seu complexo no coração de Seul.

7 de janeiro: o Tribunal Distrital Ocidental de Seul aprova uma extensão do mandado de prisão após a tentativa fracassada do CIO.

14 de janeiro: o Tribunal Constitucional adiou a sessão de abertura do julgamento de impeachment de Yoon em minutos, após seu não comparecimento ao tribunal.

15 de janeiro: Yoon concorda em deixar seu complexo após cerca de três mil policiais chegarem para uma segunda tentativa de prisão. Uma carreata leva o presidente afastado para os escritórios do CIO, onde ele entra por uma porta dos fundos. Em uma mensagem, ele afirma que foi somente para evitar um derramamento de sangue, e o Escritório de Investigação afirma que ele se recusa a responder perguntas. As autoridades possuem 48 horas para interrogar Yoon, após isso devem buscar um mandado para mantê-lo detido por até 20 dias ou liberá-lo.

Horas após ser preso, o presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, publicou uma carta escrita à mão em suas redes sociais. Na manifestação, sua primeira após a prisão, Yoon se dirigiu ao povo sul-coreano e afirmou que a "lei marcial não é um crime".

"A lei marcial não é um crime. A lei marcial é um exercício da autoridade presidencial para superar uma crise nacional", escreveu Yoon, segundo tradução provida pela agência de notícias Yonhap.

Yoon foi detido na manhã de quarta-feira (15), pelo horário local — noite de terça-feira (14), no Brasil, em uma operação que durou seis horas. Apoiadores de Yoon tentaram impedir a prisão. Ele foi alvo de um mandado de prisão no âmbito de uma investigação que apura acusações de insurreição. Em dezembro, o presidente decretou uma lei marcial que restringiu direitos civis. 

Yoon já havia afirmado que seu decreto, feito de surpresa no final da noite do dia 3 de dezembro, não constitui um crime horas após a rápida revogação da medida pelo Parlamento sul-coreano. Por conta da lei marcial, o presidente sofreu um impeachment dias depois.

Simultaneamente à publicação da carta, Yoon está sendo interrogado por autoridades sul-coreanas no âmbito de seu decreto da lei marcial. Segundo a Yonhap, o presidente permanece em silêncio diante das perguntas dos investigadores. Uma segunda sessão de questionamentos está em andamento na manhã desta quarta — noite de quarta no horário local.

A primeira rodada do interrogatório durou duas horas e meia, e ele teve uma hora de pausa entre as sessões para descansar, em que recebeu uma lancheira com almoço. Yoon ficará detido durante 48 horas, segundo o mandado de prisão, e deverá ficar em uma cela solitária no Centro de Detenção de Seul, informou a agência de notícias Reuters.

Em sua carta publicada nesta quarta-feira, Yoon também afirma ter tido muito tempo para refletir desde que foi afastado do cargo e que "embora seja irônico, só depois do impeachment comecei a perceber que realmente sou o presidente".

Os investigadores tentaram prender Yoon pela primeira vez no dia 3 de janeiro. Naquele dia, os agentes foram impedidos de entrar na casa do presidente por seguranças e guardas militares.

Lei marcial

O decreto da lei, no início de dezembro, restringiu temporariamente o direito de civis. A medida também visava fechar a Assembleia Nacional, mas acabou fracassando e rejeitada pelos próprios deputados.

Ao anunciar a lei marcial, o presidente Yoon fez críticas à oposição. "Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas", disse.

O decreto veio em um contexto de baixa aprovação do presidente e de trocas de farpas com a Assembleia Nacional, que é controlada por deputados da oposição.