Volta às aulas: atenção às dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento

Volta às aulas: atenção às dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento
Seu filho passou o primeiro semestre inteiro sofrendo por não aprender os conteúdos escolares. Você passou o primeiro semestre inteiro recebendo recados dos professores por causa dos problemas de comportamento do seu filho. Vocês terminaram o primeiro semestre com um pedido da escola, solicitando que você procure para ele um reforço ou atendimento psicopedagógico ou psicológico para um diagnóstico.
Mas quando essas dificuldades podem ser consideradas atrasos passageiros ou transtornos? E qual o momento de recorrer à ajuda de um profissional? Em primeiro lugar, é importante entender a diferença entre as duas situações. 

A dificuldade de aprendizagem é uma condição passageira que ocorre quando influências externas atrapalham esse processo. Pode ser causada por questões emocionais, problemas familiares, alimentação inadequada, ambiente desfavorável, entre outros fatores. Além disso, a dificuldade pode estar relacionada com uma modalidade patológica de aprendizagem, na maioria dos casos também causam problemas de comportamento.

O que é a modalidade de aprendizagem? Algumas pessoas aprendem melhor lendo, outras assistindo, outras fazendo, enfim, cada um de nós apresenta uma forma particular para aprender. Isso significa que cada um de nós tem sua modalidade de aprendizagem individual, que oferece uma maneira própria de aproximar-se do que precisamos aprender. A modalidade de aprendizagem é construída desde o nascimento do indivíduo, através da qual ele enfrenta com angústia as situações de aprender e não aprender, sendo uma forma normal de lidar com a adaptação entre assimilação e acomodação daquilo que se aprende. Quando apresentamos dificuldades relacionadas a fatores externos para aprender, pode ser que nossa modalidade de aprendizagem esteja passando por um estado patológico de aprendizagem. Neste caso é importante uma avaliação de profissinal de neuropsicopedagogia.

Muitas vezes, as modalidades podem ser confundidas com transtornos e distúrbios, mas na maioria dos casos elas podem estar isoladas, ou seja, não aparecem como comorbidades em distúrbios ou transtornos. Neste caso, a intervenção é mais simples e rápida. No entanto, também, pode estar associada a uma causa com comprometimento neurobiológico, como por exemplo, TEA, TDAH, entre outros. Neste caso, é de extrema importância que o diagnóstico seja realizado por um profissional de neuropsicopedagogia ou neuropsicologia e um médico neurologista ou psiquiatra especializado no transtorno apontado no diagnóstico.

O que chamamos de TDA Transtorno do Desenvolvimento da Aprendizagem é um problema do neurodesenvolvimento que acaba influenciando a capacidade do cérebro de perceber ou processar as informações. é diferente do que acontece na dificuldade ou na modalidade de aprendizagem. O TDA tem origem biológica e, por isso mesmo, é persistente. Estimativas indicam que 10 milhões de brasileiros tenham essa condição. Estes transtornos também causam problemas de comportamento. 

O TDA, está relacionado com: altas habilidades/superdotação, hiperlexia, dislexia, discalculia, disgrafia, disortografia, dispraxia, dislalia e disfasia. Para o diagnóstico e o tratamento é necessário um profissional da neuropsicologia ou neuropsicopedagogia, entre outros profissionais que poderão compor uma equipe multidisciplinar, por exemplo, fonoaudiólogo, terapêuta ocupacional, entre outros.
Além disso, é importante observar outros sintomas afim de avaliar a possibilidade de outros trantornos do neurodesenvolvimento associados, como: TDIs (Transtornos do Desenvolvimento Intelectual), TDF/L (Transtornos do Desenvolvimento da Fala ou da Linguagem), TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDCM (Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação Motora), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade), TME (Transtornos do Movimento, estereotipado), TOD (Transtorno Opositivo Desafiador) – classificado em Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta, TPS (Transtorno de Processamento Sensorial).
Por isso, se a escola fez uma solicitação de diagnóstico e acompanhameento com profissional especializado, atenda. Seu filho pode realmente estar precisando de ajuda.
É natural que a criança com dificuldades fique ansiosa e até com medo ao enfrentar o recomeço das aulas na escola. Ajude seu filho a superar esse momento conversando, ouvindo-o e reforçando que estará sempre a seu lado para enfrentar a situação. Deixe claro a importância da escola na vida da criança para que ela se sinta mais confiante e determinada. Mostre que estudar pode ser prazeroso e divertido, assim ela terá mais vontade de ir para a escola.
Desejo que todos tenham um feliz retorno às aulas!