Meu filho tem um comportamento diferente das outras crianças. Pode ser autismo?

Meu filho tem um comportamento diferente das outras crianças. Pode ser autismo?

Esta é a pergunta que mais tenho ouvido nos últimos tempos, no meu consultório.

Quando os pais, a escola ou o pediatra, identificam problemas no desenvolvimento da criança, seja na fala, na motricidade, na interação social, no comportamento inadequado, entre outros, a criança deve ser avaliada por um profissional especializado em diagnóstico clínico. 

Nem todas as crianças e adolescentes que chegam no meu consultório com queixa de atraso no desenvolvimento, são realmente diagnosticados com algum transtorno ou distúrbio, muitas vezes o "atraso", é por falta de estímulos adequados para desenvolver e potencializar suas habilidades e competências. 

Mas, quando o procedimento de avaliação me leva a identificar um distúrbio ou transtorno do neurodesenvolvimento, é realizado o protocolo para diagnóstico baseado nos critérios internacionais da American Academy of Pediatrics (AAP) e da American Psychiatric Association (APA) em seu Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition – DSM-5), incluindo histórico e observação de comportamentos característicos. 

Além do protocolo padronizado para Autismo, outros protocolos também são utilizados para diagnóstico, assim é possível termos uma avaliação ampla e coerente. Os demais protocolos são para avaliar a possibilidade de TDAH Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; TOD Transtorno Opositivo Desafiador; TPS Transtorno de Processamento Sensorial; Distúrbios, como: Dislexia, Discalculia, Disgrafia, Disortografia; e Dificuldades de Aprendizagem, como: Hiperassimilação, Hipoacomodação, Hiperacomodação e Hipoacomodação. 

Também é realizado: Anamnese (entrevista) com os pais ou responsáveis; Entrevista com a escola ou análise dos relatórios; Revisão de registros médicos relevantes; Avaliação cognitiva, psicomotora, psicolinguística de desenvolvimento; Observação direta do jogo, análise das habilidades sociais; Medição do funcionamento adaptativo; Análise das alterações sensoriais e dos comportamentos repetitivos; Análise dos comportamentos disruptivos; Análise socioemocional; Entre outros de igual relevância para o diagnóstico. 

Os resultados me mostrarão qual real motivo do atraso no desenvolvimento, se existe um diagnóstico e inclusive suas comorbidades. 

O DIAGNÓSTICO É AUTISMO. E AGORA? 

Assim que o diagnóstico for fechado, o profissional ou a equipe multiprofissional, irá desenvolver o Projeto Terapêutico, com base nas necessidades sociais e educacionais da criança ou adolescente, que pode conter terapias com neuropsicologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, fonoaudiologia entre outras. Também deve ser traçado um mapa de orientações para a família e a escola. As orientações podem modificar de acordo com o processo de intervenção. 

DIAGNÓSTICO NÃO É DESTINO, É CAMINHO! 

É o que sempre digo para as famílias, o diagnóstico deve nos mostrar que caminho seguir para o desenvolvimento da criança ou adolescente e auxiliar a família e a escola nesta caminhada, que não é fácil, mas com certeza será a um grande aprendizado. 

Tenho um grande orgulho dos meus pacientes, que me mostram evolução a cada consulta.

É bom saber: 

Autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um transtorno do neurodesenvolvimento que causa dificuldades de menor ou maior comprometimento nas áreas de comunicação, interação social e comportamento. O TEA é um distúrbio comum do desenvolvimento neurológico que influencia significativamente a vida das pessoas afetadas e de suas famílias, pela necessidade de diversos serviços educacionais, de saúde e outros. A prevalência de pessoas com TEA vem aumentando progressivamente ao longo dos anos. Em 2004, o número divulgado pelo CDC era de 1 a cada 166 diagnosticados. Em 2012, esse número estava em 1 para 88. Já em 2018, passou a 1 em 59. Em 2020, a prevalência divulgada estava em 1 em 54. Publicado em 2 de dezembro de 2021, o relatório do CDC mostrava que 1 em cada 44 crianças era diagnosticada autista. Atualizada a cada 2 anos nos Estados Unidos, atualmente, o número é ainda maior que as estimativas do último estudo. Segundo dados coletados no último ano, foi publicado em 23 de março de 2023, que o número atual é de 1 em cada 36 crianças. Porém, este estudo especificamente é realizado apenas com crianças na faixa etária de 8 anos e os números são ainda maiores somados aos estudos com outras faixas etárias também realizados pelo CDC. CDC é o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, que fornece dados para todo o mundo e é a principal referência mundial a respeito da prevalência de autismo.

Publicado originalmente em 04 de maio de 2.020. Atualizado em 02 de agosto de 2.023.